Campanha dos presidenciáveis dividiu votos e opiniões de evangélicos
No debate promovido pela Rede Globo nesta sexta (24), Aécio Neves
surpreendeu a muitos ao encerrar sua participação citando a Bíblia e
parafraseando o apóstolo Paulo, afirmar: “travei o bom combate, falei a
verdade e jamais perdi a minha fé”.
Desde o segundo turno da eleição de 2010 os analistas políticos
apostavam que o chamado “voto evangélico” poderia ser um fator
determinante para a escolha de um candidato. Na época, Dilma tinha como
aliados alguns líderes políticos e religiosos importantes como Magno
Malta e Marco Feliciano.
Passaram-se quatro anos e o quadro é outro. Acumulando denúncias
rotineiramente, o governo petista fez tentativas de tentar associar a
imagem de sua candidata a lideranças evangélicas, mas sem sucesso. Logo
no início da campanha visitou a Assembleia de Deus do Brás,
em São Paulo, citando na ocasião a Bíblia: “O Estado brasileiro é um
Estado laico, mas, citando um salmo de Davi, queria dizer que ‘feliz é a
nação cujo Deus é o Senhor’”.
Além desse ramo da Assembleia, teve o apoio declarado apenas de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus.
Ao mesmo tempo surgiram pela primeira vez dois candidatos evangélicos a presidente. Pastor Everaldo e Marina Silva, que logo receberam apoio de diversos líderes religiosos. Marina chegou a citar a Bíblia
para falar sobre a investigação de corrupção dos petistas da Petrobrás.
Atacada constantemente, foi tachada pelos petistas de “fundamentalista”
por causa de sua fé, voltou a citar a Bíblia, dizendo que “oferecia a
outra face”.
No segundo turno, a grande maioria das lideranças evangélicas declararam seu apoio a Aécio Neves, incluindo Everaldo e Marina. Dilma reagiu, preparando uma ofensiva que incluía a distribuição de um folheto onde voltava a fazer as mesmas promessas que quebrou em seu primeiro mandato, referentes à união civil de homossexuais e ao aborto.
Possivelmente o mais surpreendente de toda essa campanha foram as manifestações dos evangélicos. Tanto nas redes sociais quanto nas pesquisas qualitativas, ficou evidente que embora a maioria tenha um perfil conservador (tendendo para Aécio agora), não votam “em bloco”.
Ou seja, mesmo com todos os alertas de lideranças sobre uma possível
perseguição aos evangélicos caso o país se aproxime do ideal de governo
defendido pelos petistas e da defesa de questões conflitantes com o que se prega nas igrejas não é possível ver ainda no Brasil um equilíbrio entre discurso e prática quando aspectos religiosos e políticos se misturam.
sábado, 25 de outubro de 2014
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» Aécio Neves cita a Bíblia em debate na Globo: “Combati o bom combate”